terça-feira, 9 de agosto de 2011

Aconteceu no Acre

O Acre é um dos menores estados brasileiros, mas, em compensação, é um dos mais conhecidos. Afinal, ele passou a fazer parte do território nacional numa negociação comandada pelo famoso diplomata Barão de Rio Branco, após os nordestinos e gaúchos que ali viviam, entre eles Plácido de Castro, terem iniciado uma quase guerra de independência contra os bolivianos.
Há, também, o personagem histórico, ou não, do espanhol Luiz Galvez Rodrigues de Aria, que se proclamou imperador daquela região, conforme nos conta Márcio Souza em seu livro de estreia. A não menos legendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que fazia a ligação entre Porto Velho e Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia, foi construída por causa dos acordos que redundaram na anexação do espaço acreano pelo Brasil.
Personagens ilustres ali nasceram e se tornaram famosos de norte a sul, em diversas áreas de atuação do nosso mundo social. Tive oportunidade de conhecer Rio Branco, a Capital, e uma cidade do interior, Tarauacá, onde só se ia de avião de pequeno porte e barco (nesse caso, numa viagem de uns 30 dias). Atualmente, salvo engano, existe ligação asfáltica via Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá.
Bom, todo esse arrodeio é tão-somente para falar de uma personagem que faz parte do imaginário daquele povo. Trata-se do mapinguari, um ser meio bicho, meio gente, que se alimenta de carne humana, de preferência crianças. Conheço uma pessoa que jura de pé junto que viu um, ou melhor, uma índia velha se transformando no tal ente bizarro.
Diz ele que andando pelas florestas, que ainda são muitas e exuberantes, chegou numa aldeia. Num local um pouco afastado, havia uma espécie de cela, feita de troncos de árvores fortes. Lá dentro estava uma índia velha cujas feições estavam se transfigurando numa espécie de monstro. Os olhos, por exemplo, tinham se aproximado a ponto de parecerem um só.
Indagou dos caboclos do que se tratava e ficou sabendo que a mulher estava virando um mapinguari. A descoberta aconteceu quando ela, determinado dia, saiu para o mato com dois curumins, e voltou sozinha. Os índios, então, prenderam-na e passaram a alimentá-la somente com mandioca crua. Deixaram-na viva por causa da ligação familiar dela com muitos deles. A mulher/mapinguari tinha cabelos, quase pêlos, por todo o corpo e exalava um cheiro praticamente insuportável. Isso tem uns 15 anos, ou seja, talvez a transformação já tenha se completado, ou regredido, ou tudo não passe de conversa de pescador, com todo respeito aos apreciadores da arte da pesca.
Como se diz no popular, acredite quem quiser, estou apenas repassando o peixe que me venderam.

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