sexta-feira, 11 de outubro de 2024

A primeira

 

Foi em 2008, num princípio da noite do dia 11 de outubro, que nasceu Alice, a Primeira. A neta que veio, segundo reza a lenda que circula nos meios familiares, para amolecer meu coração. Se foi para isso, não sei, mas, com certeza, tem esse mérito.

Netos e netas, já tenho falado a respeito desse assunto, são melhores do que filhos, no sentido de que são prova viva da continuidade, de gerações que se seguem umas às outras e de um amor renovado e crescido.

Além disso, têm a vantagem de não darem tanto trabalho e a responsabilidade ser limitada. Avôs e avós existem para as brincadeiras e para fazer aquelas vontades que os pais proíbem, tipo dormir depois da hora, comer doce fora do final de semana e outras coisinhas parecidas.

Hoje já são quatro – duas meninas e dois meninos. Mas a Primeira detém todas as benesses contidas nessa prerrogativa de ter sido aquela que rompeu barreiras e faz com esse escriba o que quer, pois de outro jeito não pode ser. Rendo-me ao vosso reinado.

É claro que com 16 anos os interesses próprios da idade são outros. Se os pais já parecem para os jovens um tanto ultrapassados, avaliem um sessentão ligeiramente barrigudo e com a cabeleireira branca e apresentando pequenas marcas de calvície.

Mesmo sofrendo com a ausência por conta de estudos, esportes e até o trabalho de menor aprendiz e um jeito menos carinhoso de falar (se ela ler essa crônica vou levar um puxão de orelha), sei que também sou amado e só posso agradecer a Deus por tê-la em minha vida, e todos os demais.

Vida longa e próspera, Alice, e que todos os teus sonhos de conquistas e realizações possam se tornar reais. Você tem capacidade para isso. E eu estou aqui para apoiar no que estiver ao meu alcance. Mesmo que seja tão somente para servir de motorista e levá-la e buscá-la na escola, aos treinos de vôlei e adjacências. Me preenche o dia e me faz feliz esses minutos ao teu lado. 

Felicidades hoje e sempre. Ósculos e amplexos fraternais de quem eternamente deseja o teu bem.

E, por favor, não esqueça mais o celular no carro. Mesmo sendo para você, é chato sair de casa novamente para lhe entregar o fone, sem o qual, hoje em dia, ninguém fica nem um minuto.

Parabéns!

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Votar

 


 

A segunda-feira amanheceu igual a todas as outras, a não ser pelo lixo espalhado em frente às escolas e prédios públicos, locais onde os eleitores compareceram para o cumprimento do “dever cívico” que, no Brasil, se repete de dois em dois anos. Na campanha municipal deste ano os partidos políticos tiveram direito à bagatela de R$ 4,96 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, mais conhecido por Fundo Eleitoral. Dinheiro público para ser usado à vontade.

Resultados divulgados, vida que segue, com exceção das 52 cidades onde haverá segundo turno, inclusive São Paulo, município com o terceiro maior orçamento governamental do país e em que a polarização direita x esquerda iniciada em 2017 permanece viva.

A origem etimológica da palavra voto está ligada ao latim votum, que significava uma promessa solene feita aos deuses. Mais à frente, aproximadamente no século XV, o termo passou a designar a manifestação do cidadão em relação a uma proposta ou a um candidato a um cargo eletivo.

Atribui-se ao afamado e polêmico político britânico Winston Churchill a seguinte frase: “A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela”.

Mutatis mutandis, a gente ter a possibilidade de escolher nossos governantes é bem salutar, apesar de que, desde a redemocratização do país, em 1985, muita água passou por debaixo da ponte e velhas mazelas dos tempos dos coronéis não foram abandonadas. A Polícia Federal apreendeu, por exemplo, 21 milhões de reais em espécie, ou seja, dinheiro vivo, num percentual 14 vezes maior do que na eleição municipal de 2020. Destino desse montante: compra de votos.

É claro que devemos separar o joio do trigo, e ter ao menos um pouco de esperança de que nossos futuros prefeitos e vereadores, ou mesmo aqueles que foram reeleitos, estão imbuídos das melhores das intenções em trabalhar a favor dos munícipes. No Recife, só para citar um caso de maior repercussão, o atual mandatário foi reeleito em 1º turno com mais de 70% dos votos válidos. Quero crer que isso signifique que ele esteja fazendo um bom trabalho. No Rio de Janeiro, idem.

Enfim, como tudo isso é tão somente um grande ensaio para o embate presidencial de 2026 (mais a escolha de senadores, deputados federais e estaduais e governadores) ficamos na plateia aguardando as cenas dos próximos capítulos. Na expectativa de que não seja apenas mais do mesmo.

Quem viver, verá!