domingo, 26 de março de 2023

Inevitável

 


        Todo mundo nasce com uma certeza: que um dia vai morrer. Entretanto, quando acontece com um ente querido, por mais previsível que seja o desfecho indesejado, fica aquele vazio nas emoções, como se o inevitável pudesse ser evitado.

 

        A caminhada terrena de uma pessoa é cumprida quando a morte ceifa aquela existência inexoravelmente. É um paradoxo: viver para morrer. Dizem que ninguém morre de véspera, e quando a hora chega não há nada que se possa fazer, tão somente buscar força interior e se conformar, pois quem partiu deixou de sofrer e passa a outro plano, outra dimensão, o mundo espiritual.

 

        Aprender a morrer, portanto, é um desafio que o ser humano precisa enfrentar, para que atravesse com naturalidade os momentos de perda. Nos desígnios de Deus, tudo tem seu tempo. Há tempo para nascer, e há tempo para morrer, conforme registrado em Eclesiastes. E os propósitos divinos, muitos deles de difícil compreensão, estão todos contidos na Sua infalibilidade.

 

         Feliz daquele que vive e morre em paz, consigo mesmo e com os outros. Feliz daquele que constrói uma família, e vê filhos e filhas gerando netos e netas, e estes e estas dando continuidade através de bisnetos e bisnetas. Feliz daquele que ainda tem a oportunidade de conviver com essas gerações posteriores, pois é assim que as coisas devem ser: os mais novos sucedendo aos mais velhos, de maneira natural.

 

        Por isso, entendo que minha mãe, motivo dessa pequena homenagem, cumpriu com dignidade a sua missão no planeta Terra, amando e sendo amada, tendo quatro filhos, oito netos e cinco bisnetos (um ainda por nascer em breve), além de inúmeros amigos e amigas, tendo o merecido descanso na tarde de 25 de março de 2023, aos 96 anos e nove meses de idade. O destino nos uniu para sempre, e nas voltas das espirais universais haveremos de nos encontrar novamente um dia.

 

        Imensa gratidão, Clotilde Cercília Bomfim Pacheco, nossa inesquecível Tildinha. Vá em paz. Que Deus lhe acompanhe. Que Nossa Senhora da Penha e Santa Rita de Cássia, de quem era devota, estejam ao seu lado nas moradas celestiais do Pai Eterno.

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