sábado, 9 de julho de 2011

Conhecendo Rondônia

Quando eu pedi as contas no Alto Madeira, fui para a Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado de Rondônia, onde estavam no comando Carlos Araújo e Paulo Correia, respectivamente secretário e vice. Nunca tinha tido anteriormente uma experiência, digamos, "oficial" e, confesso, até desdenhava de quem trabalhava em assessorias, principalmente na área política. Pois é, mas tive que ir para o outro lado do balcão. Isso foi, salvo engano, no início de 95. Era governador o atual senador Valdir Raupp.
Eu tinha um cargo em comissão (que não pagava muito) e um título até pomposo de Diretor de Jornalismo da SECOM. Minha função era organizar os chamados releases que diariamente eram mandados para os jornais da cidade. Nos órgãos estaduais mais importantes os jornalistas ali lotados preparavam os textos com as informações dos seus respectivos setores, remetiam para mim e eu editava, passava um pente fino, selecionava fotos e montava uma espécie de boletim, com umas dez matérias, em média, por dia. O material chegava nas redações e era 100% aproveitado, não tanto por sua qualidade, mas sim, imagino, numa demonstração de boa vontade dos empresários do ramo para com as realizações governamentais. Mas deixa isso para lá.
Nossa parca remuneração era reforçada com as viagens que fazíamos pelo interior. Nessas ocasiões recebíamos diárias, que, na maioria das vezes, eram pagas com algum atraso. Íamos, geralmente um repórter, um fotógrafo e o motorista (quase sempre num Golzinho velho), sem dinheiro, mas em todas as cidades conseguíamos alojamento em instituições públicas. E como também havia inaugurações ou festas, o alimento era garantido. Praticamente todo final de semana estávamos na estrada.
A gente saía na sexta-feira, ou sábado cedo, dependendo do local, pois precisavámos chegar antes do governador e sua comitiva, já que eles tinham meios de transportes mais modernos e rápidos (helicóptero e pequenos aviões, por exemplo). Me diverti um bocado nessa experiência. Primeiro porque foi uma oportunidade única de conhecer o Estado. De norte a sul, de leste a oeste, andei em quase todos os municípios e alguns distritos. Em segundo lugar, porque fazia o que mais gostava (ou gosto) que é ser repórter, mesmo que fosse para só falar bem das grandes obras que estavam sendo entregues à população.
Em duas ocasiões, porém, me lembro que consegui fazer reportagens mais jornalísticas do que propagandísticas. Uma foi quando acompanhei o presidente da Companhia de Armazéns Gerais de Rondônia (não sei nem se existe mais), em viagem de quase uma semana, numa vistoria pelo Cone Sul (Vilhena, Cerejeiras, Colorado do Oeste, Rolim de Moura e Pimenteiras) aos locais onde estava sendo estocada a safra de feijão recentemente colhida. Eu nem sabia que havia plantio daquela oleaginosa por aqui, quanto mais na quantidade que presenciei. Foi quando tomei conhecimento do potencial agrícola do Estado, inclusive em relação a outras culturas, como milho, soja, café e arroz. E passei a dar mais valor ainda ao pequeno agricultor, aquele que tem um dos trabalhos mais pesado, de maior responsabilidade e menos reconhecido, pelo menos neste país.
A segunda vez me senti quase de férias. Fui fazer a cobertura de um evento em Costa Marques, onde técnicos federais foram ministrar um curso de capacitação na área turística. Fiquei por lá também uns sete dias. Verão amazônico, em pleno Vale do Guaporé. Conheci o Forte Príncipe da Beira e tive a oportunidade de viajar por aquela imensidão de água e belezas naturais, com praias maravilhosas, fauna exuberante (pássaros, quelônios e peixes à vontade). Uma beleza. Isso é que é trabalho.
Enfim, fiquei na SECOM menos de dois anos. Em julho de 1996 fui chamado para tomar posse no cargo de Técnico Judiciário da Justiça Federal. Uma mudança da água para o vinho. Na próxima postagem, os detalhes.


Na foto de Miro Teixeira, estou ao lado do vice-governador Aparício Carvalho (ao centro) e do governador Valdir Raupp (à direita). Em algum lugar do interior rondoniense

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