quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

A pedido (*)

 

Num lugar muito, muito distante, e muito antigo também, cuja localização havia se perdido ao longo dos séculos, cercado por montanhas inacessíveis e banhado por rios de águas cristalinas, com verdes gramados onde o vento soprava mansamente entre árvores de todas as espécies, grande e pequenas, e flores de raras belezas, vivia um pequeno e solitário unicórnio. O nome dele era Único.

 

Único assim se chamava porque ali não havia nenhum outro animal parecido com ele. Unicórnio, todos sabem, tem a forma de um cavalo, geralmente branco, com um chifre em espiral no centro da cabeça e uma pequena barbicha parecida com a de bode. Único, porém, quando jovem, era prateado, e sua pele brilhava quando tocada pela luz do Sol. Ele corria livre por aqueles campos, em convivência pacífica com demais seres que ali habitavam.

 

À medida que foi crescendo, e ficando com o pelo de uma alvura inigualável, Único começou a perceber que todos os outros bichinhos da floresta viviam em pares: os passarinhos, os pequenos esquilos, os grandes ursos e até mesmo os peixes tinham outros iguais, formando casais e se reproduzindo quando a natureza assim determinava. Mas ele estava só, e não entendia o motivo.

 

Único gostava todos os dias de subir uma pequena colina para contemplar o nascente, pois a energia solar era muito importante para ele, lhe dava força e resistência. Numa manhã de esplêndida beleza, enquanto se nutria daquela luminosidade divina, notou que os raios do Sol formavam um tipo de trilha e daquele caminho etéreo vinha descendo um ser igual a ele, mas menor um pouco e com feições mais suave, como se fosse, e era, uma unicórnio.

 

Extasiado diante do que estava acontecendo, Único sentiu uma alegria incomparável e recebeu com muitas demonstrações de carinho a sua parceira, que se chamava Aurora, passando a conviver com ela para todo o sempre naquele mundo mitológico. Desde então, mudou seu nome para Amor. E foram felizes no infinito e além.

 

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(*) Minha neta Kiara Mariah, que está começando a dar os primeiros passos no mundo da leitura, viu a pequena brochura intitulada Uma aventura (quase) galáctica que escrevi para Alice, a Primeira, minha neta mais velha, e me pediu um texto sobre o bichinho preferido dela, que é o unicórnio. Daí esse pequeno exercício literário fantasioso.

 

 

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