Estava
eu terminando de banhar a minha adiposa matéria, feliz da vida por ter recebido
a segunda parcela da gratificação natalina, popularmente conhecida por 13º
salário, quando o celular, que atualmente também serve para telefonar, vibrou o
seu sinal de que alguém queria se comunicar comigo.
Ainda
com o pensamento solto no ar, com algumas pequenas ideias, proporcional ao
ganho auferido, para utilização da verba extra que estava muito bem acomodada
na minha conta corrente, olhei rapidamente o telefone e vi a foto de uma das
minhas filhas.
Como
a ligação foi interrompida, teclei de volta e não consegui completar a chamada.
No “zap”, então, apareceu uma mensagem, com a mesma foto familiar, dizendo que
o sinal estava fraco, e que o aplicativo do banco dela estava instável e que estava
precisando passar um dinheiro para uma pessoa. Assim que o sistema voltasse, me
mandaria de volta.
Dizem
que as pessoas, ou pelo menos algumas pessoas, têm um minuto de bobeira por
dia. No meu caso, reconheço, foram alguns minutos. Sem nem examinar nada, mas
apenas querendo atender ao auxílio solicitado, perguntei qual era o valor e
para onde deveria mandar a quantia. E assim foi feito, e lá se foram R$ 1.677 (até
nos números quebrados os malandros pensam) para uma conta no Bradesco de uma
tal de Karolina Marques dos Santos.
Interessante
é que no instante em que confirmei o PIX caiu a ficha: É GOLPE. Tarde demais.
Liguei para a agência bancária e o gerente que me atendeu (talvez entediado de
ouvir a mesma história de mais um otário) nem titubeou: “O senhor tem que
registrar um Boletim de Ocorrência, trazer aqui para mim. Desde já, porém, lhe
adianto que em 100% dos casos semelhantes nosso Setor de Segurança não faz a
devolução, porque a transferência foi feita com sua senha pessoal e quando o
dinheiro chega na conta de destino é imediatamente sacado, não restando saldo
para ser ressarcido”. Fim da conversa.
É
claro que eu, supostamente um homem de mediana inteligência, deveria ter o
cuidado necessário para me defender. Mas faço uma perguntinha: com o atual
nível tecnológico do sistema financeiro é possível ter algo, no próprio
aplicativo dos bancos, por exemplo, que, digamos, num prazo de 5 minutos, possa
cancelar algum PIX? Ou que, a pedido do cliente, também num prazo imediato,
possa se rastrear o dinheiro e trazê-lo de volta? Ou sempre perguntar se quer
ou não agendar a transferência?
Enfim.....leite
derramado.
E
tem mais um detalhe: a dita Karolina pediu que eu mandasse o comprovante. Assim
que o fiz, agradeceu e, olha só a desfaçatez, disse que tinha outro pagamento urgente
e se eu podia atendê-la mais uma vez. Inacreditável!
Tenho que rir, para não chorar.