Pessoal, eu tinha um compromisso comigo mesmo de que não iria me imiscuir em assuntos de natureza política, principalmente considerando a polarização nefasta e extremista que domina atualmente o cenário nacional. Mas não aguentei quando li a carta que o presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, enviou ao chefe do Executivo brasileiro.
Eu sou uma pessoa que desde que me entendo por gente procuro acompanhar minimamente o que acontece no Brasil e no mundo, e nunca vi nada parecido. A princípio fiquei espantado, mas depois me deu vontade de rir tamanha a desfaçatez do tresloucado dirigente norte-americano, que acredita piamente que é o dono de tudo e de todos ao redor do planeta Terra.
Cumpre esclarecer que não sou lulista (já o fui, na minha juventude sindical) e muito menos bolsonarista. Tenho convicção de que nenhum dos dois me representa (e aí são diversos os motivos) e que a solução dos problemas nacionais não está nas mãos de uma ou duas pessoas supostamente ungidas por Deus, mas sim numa conjunção de objetivos maiores verdadeiramente em benefício da população, o que, a meu ver, ainda está longe de acontecer.
Mas, vamos combinar, tudo tem um limite, né!? Esse negócio de alguém querer cantar de galo no terreiro do outro é inadmissível. Isso não serve nem para as relações pessoais e muito menos para a convivência entre povos. Concordo em gênero, número e grau com o editorial da edição de hoje (10/07/25) do jornal Estado de São Paulo, que diz, entre outras coisas: “Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha a democracia”.
Ao longo da caminhada humana, todos os impérios que existiram tiveram auge, decadência e fim. Os Estados Unidos são a única superpotência remanescente, mas tudo indica que o seu ocaso começou. O falecido historiador inglês Harold Perkin, num artigo de 2002 intitulado A ascensão e queda dos impérios, ensina: “Impérios anteriores declinaram porque as elites se apropriaram de mais do que sua cota de renda e recursos e pagaram o preço em mal-estar interno, depressão, rebelião ou conquista externa. O americano é o primeiro império em que toda a população, embora de forma desigual, compartilha da exploração do mundo inteiro. O resto do mundo aceitará esse equilíbrio desigual? Ou se revoltará contra ser arrastado para o caos econômico e climático? Com a população mundial ultrapassando a marca dos 6 bilhões, mais de um terço vivendo na pobreza, certamente é hora de praticar a moderação”.
Que aqueles que se julgam donos da verdade e da razão possam ter discernimento suficiente para evitar o pior. Milhões dependem disso.